sábado, 24 de outubro de 2009

Quero ser John Malkovich

Assisti ontem um clássico recente, o tal do Quero ser John Malkovich e adorei, apesar de na época do lançamento não ter me interessado muito. Afinal, quem é John Malkovich na noite pra fazerem um filme onde todos querem ser ele? Se ainda fosse Brad Pitt...

(se bem que nesse caso o título teria que mudar para Quero ser Brad Pitt, néam?)

Mas divago, divago....

Voltando ao John, que eu gostei bastante... o roteiro é benloko, como era de se esperar já que é do Charlie Kaufman, o mesmo de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (ótemo), e conta a história de um twiteiro, digo, titereiro frustrado que arruma um emprego como arquivador no andar 7 1/2 de um prédiozão antigo.

Neste andar onde o teto é mais baixo e todos tem que andar curvados, existe um portal que leva quem passa por ele até a cabeça (literalmente) de John Malkovitch, permitindo que o invasor veja o mundo pelos olhos dele por 15 minutos. O twiteiro, depois de descobrir o portal por engano, começa a vender ingressos para passeios pela cabeça do cara que é igual a um primo meu (eu estou realmente impressionada com as semelhanças), junto com uma colega de andar, por quem é apaixonado (ou a palavra certa seria obcecado?).

Até a descoberta do portal, lá pela metade do filme, a expressão certa pra acompanhar o desenvolvimento da história é a melhor cara de "hã?", mas é aí que fica bom. De repente existem filas enoooormes de pessoas querendo ser o John e, enquanto o Kaufman nos confunde com historinhas paralelas de romances não correspondidos e pessoas descobrindo sua (trans) sexualidade, parece que ele quer mesmo é que a gente pense no que o twiteiro fala logo no começo, sobre as questões filosóficas (eu diria éticas e morais) de poder ser outra pessoa.

Esse ponto me lembrou um pouco um outro filme que assisti recentemente e falei por aqui, Gamer, que eu não gostei mas tem uma linha interessante sobre como as pessoas são (ou seriam) capazes de fazer absurdos se fossem outras e como tem gente tão desesperado de ser quem é que pagaria fortunas pra ser manipulado, pra fazer o que quer que seja sem que fosse responsabilizado pelos atos ou simplesmente pra se ver livre de si mesmo por alguns instantes. Quero ser John... diz o mesmo e mostra bem isso na cena em que o primeiro cliente da J.M. Inc. sai da cabeça do Malko extasiado, após vê-lo escolher toalhas e tapetes de banheiro por telefone. E aí grande dúvida inicial é respondida: não se trata de ser John Malkovich, mas qualquer pessoa, menos quem você é de verdade.

A história, como deu pra perceber, é bem irreal, mas o bom do Kaufman (opinião beeem parcial aqui, já que esse é apenas o segundo filme dele que eu vejo) é que ele não tenta se explicar. Assim como em Brilho Eterno, em que ou você aceita a existência de uma empresa que apaga as memórias das pessoas, aqui existe um portal que leva pra cabeça do John Malkovitch e pronto, fim. Até tem um motivo pra ele existir, mas é tão irreal quanto.

Pra fazer jus à boa história, o elenco foi muito bem escolhido. Temos o John Cusack, como Craig Shwartz, o titereiro frustrado (que vai ficando cada vez mais corcunda e pende a cabeça pro lado ao falar - consequência do ambiente de trabalho?), a Cameron Diaz, quase irreconhecível como a esposa do Craig, a Catherine Keener (O virgem de 40 anos) numa atuação meio forçada da colega durona de Shwartz e algumas pontas de Charlie Sheen, Sean Penn e Brad Pitt (sempre lindo). Ah é, tem também o John Malkovich, como... ele mesmo.

Um comentário:

Natali disse...

Quero ser... 'e de fato brilhante!!