domingo, 4 de outubro de 2009

Game Over

Acabei de chegar de uma sessão de Gamer (Gamer, 2009) e preciso confessar duas coisas. Primeiro, que surpresa descobrir que não traduziram o título para "Gamer - O jogador" ou "Gamer - o jogo da vida" ou "Gamer - Jogo demais" ou... vocês entenderam. Segundo: não há Gerard Buttler que salve. Eu sou bem o tipo de pessoa que não se estressa de pagar pra ver filmes assumidamente despretensiosos, como já falei aqui, mas filmes que pretendem me fazer sair do cinema estarrecida com o rumo que a sociedade está tomando e não chegam nem perto de conseguir isso me irritam um pouco. Gamer é desses.

A história é a seguinte: num futuro próximo, Dexter (não sei o nome do ator e preguiiiça de ir no IMDB, mals aê. joga no google) injeta nano-células no cérebro das pessoas e as transforma em personagens reais do Second Life, num jogo chamado Society em que os jogadores (ainda se usa o termo “internautas”?) controlam, de seus computadores, as mentes dos personagens através dos nano-coisinhas injetados. A idéia vinga e ele então lança a versão real do Counter Strike, o Slayers, com gente de verdade atirando em gente de verdade que morre de verdade.

Como os “avatares” são todos supostos prisioneiros condenados à prisão perpétua ou à pena de morte e iriam morrer de qualquer jeito, as pessoas acham que o jogo é OK e aceitam tranquilamente as atrocidades que assistem nas batalhas (o jogo se passa num cenário de guerra), mas como são pessoas de verdade sendo manipuladas, em algum momento uma delas vai começar a pensar sozinha e tentar sair de lá. Essa pessoa, claro, é o Gerard Buttler. Seu personagem, o Kable, obviamente tem todo um passado que, se revelado, trará à tona todos os podres do jogo e do criador dele e coisa e tal.

Olha, dava pra tirar muita coisa boa daí, viu? Mas o diretor ficou naquele impasse, sem decidir se queria um drama, um sci-fi, uma ação ou outra coisa qualquer, resolveu misturar tudo e deu no que deu. Ou isso ou a edição zoou com o cara e picotou tudo; as passagens de uma cena pra outra não fazem sentido, não há coerência, as cenas cortam o clima da cena anterior. Sem falar na handcamera tremida e nas mil cenas de batalhas infinitas, com tantas explosões que eu vi a hora de alguém da sala ter uma convulsão.

As atuações e os personagens se alternam entre ultra-rasos e mal trabalhados (toda a turma do Humanz e a família do Kable) e über estereotipados (o controlador da esposa do Kable). Fala sério, obeso mórbido e sedentário que passa a vida sentado numa poltrona, se empanturrando de comida e se passando por mulher na vida virtual? Mais clichê que isso só se o primeiro personagem homem que ele encontrasse no jogo fosse, na verdade, uma mulher. Ah, é, isso acontece mesmo. E o Dexter, que eu não sei se é bom como Dexter já que nunca assisti um episódio sequer, está uma versão muito ruim do Alexander Delarge.

Taí, fica a dica: quer ver filme de violência gratuita, mas com crítica real e bem trabalhada sobre a sociedade? Vai ver Laranja Mecânica.



Separados na lavagem cerebral?

Um comentário:

Nara disse...

Pela sinopse eu já dispensaria, depois desse comentário... hahahaha
Não faz meu tipo mesmo! Viajei na maionese bonitinho, me sentindo uma velha hahahaha